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Letra e música: Tiago Videira (2017)
Tom: Re/D

O meu filho
Formou-se e é doutor,
Abalou para o estrangeiro,
P’ra ter algum dinheiro.
Era ele
Quem fazia o IRS,
E p’ra ver se não me esquece
Comprou-me um computador.

-“ Olha que é fácil
Está tudo na Internet,
Toda a gente que conheces,
E até dados da NASA,
Tratas de impostos,
Vês filmes, jogas cartas,
Mandas vir coisas baratas,
Que vão ter aí a casa.”

Lá entrei,
Nesse mundo virtual,
Até nem me pareceu mal,
O que por lá encontrei:
Velhos amigos,
A cantar o fado,
Gatinhos engraçados,
- olá!? - Brasileiras de rabo alçado?…

A princípio,
Tudo corria bem,
www,
Até parecia um sábio.
Mas depois,
Upload para a cloud,
Será isto alguma fraude?
Até mordi o lábio.

Não consigo
Contornar a aplicação,
Que me pede um código
P’ra fazer o download,
Meto um à calha,
E parece que trabalha,
Mas depois a meio pára,
Parece que afinal não coube.

Oh, que azar!…
Disco cheio nesta altura,
Lá perco a compostura,
Dou um berro com firmeza…
Esmurro a mesa,
Até o rato vai ao ar,
Fico p’ra ali a bufar,
Lá se foi a gentileza.

A minha mulher
Assustada vem à porta,
E grita com voz torta,
- “Mas que é este rebuliço”?
- “É este mono,
Que é uma grande treta,
O diacho da maquineta,
Dá-me cabo do juízo!”

Quanto mais tempo,
Tanto mais lento,
Emperrava, encravava,
Fiquei-lhe com pó tamanho…
Eram berros
E gritos todo o dia,
Que até a minha Maria:
- “Raios partam este arcanho!”