Outros Silverinos remix - Embolex - Video
PUBLISHED:  Aug 28, 2009
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Quando escreveu Morte e Vida Severina, entre 1954 e 1955, João Cabral de Melo Neto (1920-1999) levou para a literatura brasileira o relato da dura trajetória de um migrante nordestino que deixava sua terra em direção à cidade grande em busca de uma vida melhor. Hoje, 55 anos depois, continuamos a encontrar silverinos caminhando pelas ruas de grandes metrópoles em todo o mundo, ainda em busca de melhores perspectivas para suas vidas e de suas famílias.

Esse universo e personagens contemporâneos são os interesses do projeto Outros Silverinos Remix que o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a partir do dia 17 de março até o dia 07 de abril, sempre as terça feiras em dois horários: às 13h e às 19h30. Livremente inspirado na obra do escritor pernambucano, Outros Silverinos Remix é uma experiência audiovisual que vai levar ao público do teatro do CCBB interpretações visuais, sonoras e performáticas desse nosso contexto atual, com o ir-e-vir que marca esses tempos de mobilidade e deslocamento. A curadoria é de Fernão Ciampa e Lucas Bambozzi, ambos com trabalhos em diferentes áreas sempre dedicados à exploração crítica de novos formatos de mídia independente.

Buscamos levantar uma reflexão sobre a migração nos dias de hoje. É um processo que já esteve ligado ao nordestino que sai do interior para a capital, para a grande cidade. Hoje, a migração não é mais do Nordeste miserável para uma São Paulo de riqueza promissora. Existe riqueza lá assim como existe miséria aqui, explica Lucas Bambozzi. Não vamos dar respostas, mas queremos investigar as construções das identidades desses Severinos contemporâneos. Não apenas os nordestinos, mas os anônimos Silvas, Silveiras, Oliveiras e tantos Joãos, Josés e Marias que vivem à margem tanto dos centros quanto das periferias de nosso país, completa.

Outros Silverinos Remix é composto por uma série de quatro apresentações no período de um mês. Cada apresentação leva para o palco a diversidade de referências que moldam a cultura audiovisual contemporânea, com performances que se apropriam da cultura digital do remix e do sampling, com atuações mediatizadas e intervenções ao vivo de áudio e vídeo. Áudio e vídeo são produzidos por integrantes do coletivo Embolex com direção geral de Lucas Bambozzi e Fernão Ciampa, e MC Gaspar (do grupo Záfrica Brasil) cuida da criação de rimas a partir das releituras audiovisuais. O projeto conta também com a participação de DJ Dolores, o multimúsico e arranjador Livio Tragtenberg, a artista plástica e poetiza Lenora de Barros, e os músicos do grupo Nação Zumbi, Toca Ogan e Dengue, todos convidados especiais que se apresentam em dias diferentes.

Nesse fazer ao vivo do projeto, interessa aos curadores um fluxo audiovisual que não está a favor de uma estética limpa, objetiva ou definitiva. Os ruídos e desacertos são incorporados como linguagem e a cada apresentação, novas influências e nuances visuais e sonoras reforçam a idéia de que as identidades contemporâneas são construídas por processos não-lineares nem definitivos. "Nossa proposta é criar novas formas de narrativas não lineares. Através de diversos processos de composição audiovisual pensamos a identidade humana de forma mutante, em constante metamorfose, história que pode ser eternamente re-contada. Assim, buscamos relacionar essas novas formas narrativas com as identidades pós-convencionais, fugindo da noção cartesiana de início-meio-fim, explica Fernão Ciampa.

direção Lucas Bambozzi e Fernão Ciampa
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