Canto de Ossanha (Baden Powell - Os Afro-Sambas) - Video
PUBLISHED:  Jun 26, 2015
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No mesmo ano em que se conheceram, 1962, Baden Powell e Vinicius de Moraes deram início a uma das mais importantes parcerias da música popular brasileira. Uma primeira leva de 25 canções foi feita em três meses, tempo que Baden passou dormindo no sofá da casa de Vinicius. A parceria continuou. Vinicius andava encantado com o LP Sambas de Roda e Candomblés da Bahia, que também impressionou Baden. Este, por influência do capoeirista Canjiquinha, começara a frequentar rodas de capoeira e terreiros, onde aprendia mais sobre o candomblé. Fascinada, a dupla começou a escrever canções inspirada no tema: Canto de Yemanjá, Bocoché, Canto de Xangô e o clássico Canto de Ossanha. Baden, que também estudava canto gregoriano com o maestro Moacyr Santos, percebeu que os cânticos afros tinham semelhanças com os gregorianos e passou a compor melodias em cima das duas vertentes. Somente quatro anos depois, em 1966, foi lançado o LP Os Afro-Sambas de Baden e Vinicius, onde os dois dividiam os vocais com o Quarteto em Cy. Virou um clássico. Em 1990, uma nova gravação dos afro-sambas virou brinde de um banco. Foram feitos somente três mil CDs distribuídos aos clientes. Dessa vez – Vinicius já havia morrido – Banden cantava com o mesmo Quarteto em Cy. Dois anos depois o disco foi lançado na França. Somente agora, Os afro-sambas – Baden Powell sai no Brasil, pela gravadora Biscoito Fino, com 10 das 39 composições que Baden e Vinicius fizeram juntos.
Biógrafo de Vinicius, o escritor José Castelo, lembra no Livro de Letras, que “talvez nenhuma outra parceria de Vinicius de Moraes guarde tantas semelhanças com o desencontro, com a cegueira e o simultâneo excesso de claridade contido numa relação de estranhamento, quanto a parceria com Baden Powell.” Segundo Castelo, “Vinicius se apaixonou pelo que não tinha”. Enquanto o poeta havia nascido e crescido na zona sul do Rio de Janeiro, convivendo com jesuítas, intelectuais e rapazes de família classe média, Baden nasceu em Varre-Sai, modesta cidade no Norte Fluminense. No Rio de Janeiro, para onde mudou-se no mesmo ano em que nasceu, morou na Zona Norte, tocando violão nas igrejinhas do interior. No primeiro encontro com Vinicius, ainda segundo José Castelo, não conseguiu apertar a mão do poeta. Como recordou Baden mais tarde, “nossas mão direitas estavam ocupadas com copos”. Já Vinicius, guardou uma imagem marcante do futuro parceiro: os dedos do violonista saltavam sobre uma nuvem de cordas. Pouco depois, ao ouvir Baden acompanhando Tom Jobim num pocket-show, Vinicius marcou um encontro com o músico no terraço de um hotel em Copacabana, onde tocaram juntos pela primeira vez. E logo viraram parceiros.
O disco de 1990 teve direção musical e arranjos do próprio Baden, que foi acompanhado por Ernesto Gonçalves (baixo), Paulo Guimães (flauta), Sutinho (bateria, tamborim e agogô), Alfredo Bessax (atabaque, ganzá, cuíca, tamborim e berimbau), Flávio Neves (surdo, atabaque, afoxé e ganzá), Valdeci (pandeiro e tamborim) e o Quarteto em Cy em participação especial em oito faixas (2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 10).
Quando Os Afro-Sambas – Baden Powell foi gravado, Baden já morava há anos na Europa mas, pouco depois, renegou o trabalho por ter se convertido a um culto evangélico. Passou a repudiar as referências ao candomblé contidas nas letras.
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