SR. ACASO

Sobre o Acaso muito se tem dito ao longo dos tempos.

Quem o conhece entende que viva pela calada, fora do alcance dos mais susceptíveis, mas ainda há quem duvide da sua existência.

É certo encontrá-lo nas horas mais agitadas da turbulência urbana colocando os seus planos em prática, assim como é sabido que esses mesmos planos definem exactamente todas as acções, emoções ou situações que emergem da sua omnipresença.

De madrugada, quando o silêncio impera, o Acaso é máximo. Vagueia por entre ruas muito escuras, apenas um velho e murcho lampião o ilumina. A sua figura será facilmente reconhecida dado todo o arsenal de apetrechos pitorescos que o caracterizam.

Como propósito de existência e persistência cabe-lhe lutar com todas as forças para que a humanidade, quando acordar, se lembre que ele existe, dominando e derrotando toda a nossa vontade. Não o será por vaidade ou orgulho. É-o para que a na luta final derrote o mesquinho triste fado, tão pequeno e enfadonho destino de ser assim só porque sim.

Estima-se que se continuará a falar do Acaso durante muitos anos

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