Ofício

Location:
Lisboa, Oeiras, PT
Type:
Artist / Band / Musician
Genre:
Hip Hop
Site(s):
Label:
Looprecordings
Type:
Indie
IMPRESSOES DIGITAIS



Os Ofício (Aprendiz e Marroquino) cresceram à sombra das Palmeiras, as torres que se erguem no centro de Oeiras e que há anos que servem de referência cardeal para os que procuram um ponto de encontro. Foi nessa zona que tomaram contacto com o Hip Hop, que lhe descobriram as regras, os ritmos, as cadências. A partir dessa zona partiram à descoberta da mítica Microlândia, estabeleceram alianças, alimentaram sonhos e olearam flows e skills de escrita.



Em 1999 e 2000 cruzaram-se com Dj Nelassassin, DJ Cruzfader e Kronic nas mixtapes Assassinato,Cosa Nostra, Improviso Brutal, respectivamente. Era uma época de implosões regulares, com improvisos afiados debitados directamente para cassetes que se disseminavam como um vírus por todo o país. Também se fizeram tantas vezes ouvir através das sessões de Freestyle coordenadas por D-Mars nas emissões do Hip Hop Dont Stop, na rádio Marginal. Era uma época em que cada rima contava, cada improviso tinha que sair certeiro, mas onde nem sequer se considerava a hipótese de domar os flows, encaixá-los em canções, prendê-los a um sentido qualquer.



Ainda durante o ano 2000 os Ofício asseguraram presença em dois históricos momentos da ainda incipiente discografia independente do Hip Hop nacional: gravaram A Nossa Hora e Babes para a Subterrânea 2 de D-Mars e Palmeiras Representa, com a participação de Dourado, na compilação TPC (organizada por Boss AC). Nova Escola (mixtape de Cruzfader editada em 2000), Estilo Marginal (uma colecção caseira de momentos ligados à rádio Marginal, coordenada por D-Mars e DJ Kwan) e HipHoportuga 2000 (a compilação já mais séria de D-Mars onde os Ofício registaram Entra no Vício e 6 Graus) conduzem-nos até ao momento de viragem, com o aparecimento da Loop e o seu recrutamento quase imediato. Os últimos três anos foram assim passados na sombra, com inúmeras incursões em estúdio para testar direcções, registar novos flows, aprimorar as rimas. Até que chegou o momento.



Impressões Digitais marca a estreia em formato grande dos Ofício de Aprendiz e Marroquino, num álbum inteiramente produzido por D-Mars (só o single, O Mundo Inteiro, resulta de uma colaboração de D-Mars e Sagas na produção). Musicalmente, Impressões Digitais é uma pequena revolução, apresentando ao panorama nacional um hip hop orgulhosamente diferente, devedor de algumas cadências do dancehall que os próprios Ofício cultivam, mais contemporâneo, decididamente digital. D-Mars sempre demonstrou uma enorme paixão pelo sampling (e o seu próximo álbum a solo deixará isso claro), mas em Impressões Digitais seguiu uma via diferente, samplando menos e programando mais, recorrendo menos aos loops de velhos discos de vinil e mais aos sons armazenados numa série de teclados. O resultado é um disco carregado de bounce, cortante e sobretudo pertinentemente contemporâneo. A esse desafio, os MCs Aprendiz e Marroquino corresponderam com um enorme festival de flows, rimando e cantando, moldando palavras às necessidades específicas de cada groove.



Para o single decidiu-se fazer mais uma experiência, depois de se ter percebido que a melodia do refrão era estranhamente evocativa do universo dos Xutos e Pontapés, o que nem será de estranhar porque os Xutos são uma referência incontornável para os dois membros dos Ofício. O convite a Tim nasceu por causa dessa melodia e o veterano vocalista correspondeu ao apelo, entregando a sua voz ao refrão de O Mundo Inteiro onde a guitarra funk de T One e o baixo jamaicano de Kissassa marcam presença. Tim canta num tema de Hip Hop inspirado pelo dancehall. Dá que pensar, não dá?



O álbum tem ao todo 14 temas, visões múltiplas de um universo em que os Ofício querem deixar a sua marca, a sua impressão digital. Este álbum é exactamente isso: uma colecção de impressões (digitais) sobre o mundo, com rimas debitadas com estilo superior e groove perfeito. O Hip Hop nacional já não deve nada a ninguém.



Texto incluído no inlay do CD Impressões Digitais



O jogo da identidade é crucial na cultura a que todos chamamos Hip Hop. No fundo, cada rima/batida/scratch/windmill/freeze/tag traduz uma necessidade: a da impressão de um eu num mundo imenso de outros. Impressões Digitais, dos Ofício, equivale a isso mesmo, à imperiosa vontade de deixar uma marca numa cultura. Uma marca pessoal, mas transmissível. E com a revolução das novas tecnologias, que permite transformar cada quarto, sala ou cave numa nave espacial capaz de desafiar tempo e espaço, o mundo fica aberto à possibilidade de triunfo da expressão individual: o Hip Hop libertou digitalmente a música. E Aprendiz e Marroquino seguem à letra os códigos dessa liberdade conquistada, amarrando as suas rimas a batidas cortadas digitalmente num mundo de sons. Estas são as suas impressões digitais, tornadas visíveis pelos dedos sujos de tinta, tornadas audíveis através da transformação dos impulsos Get Your Own! | View Slideshow

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